O dizimo é Bíblico? É Cristão?

O dízimo para começo de conversa não é no singular, mas no plural: dízimos. E para aprofundar mais, nos originais o termo é: ceifa e não dízimos.
Na Velha Aliança temos pelo menos 4 palavras que são traduzidas por "dízimos".
1ª - מעשר (ma'aser) ou מעשר (ma'asar) - Nominativo masculino procedente de עשר (Aser) = DEZ. Assim מעשר (ma'asar) = corresponde há:
*Dízimo/ décima parte.
*Décima parte.
*Dízimo/pagamento de uma décima parte.
Textos Bereshit (Gênesis) 14: 20, Bemidbar (Números) 18:26, Devarim (Deuteronômio) 12: 17.
2ª - עשר (Asar) - Verbo: *Pagar o dízimo, tomar a décima parte de, dar o dízimo, receber o dízimo:
(Qal) pagar o dízimo.
(Piel) dar o dízimo.
(Hifil) receber o dízimo.
Textos Bereshit (Gênesis) 28: 22
3ª - עשירי (Asiyri) - Adjetivo procedente de עשר (Aser) = Dez.
*Número ordinal.
*Um décimo.
Texto Veiycrah (Levítico) 27: 32.
4ª - עשרון (Isaron) - Procede também de עשר (Aser) = Dez *Décima parte/ dízimo
Texto Veiycrah (Levítico).
No Velho Testamento há sim a palavra 'dízimos', que por sua vez significa 'décima parte', ou seja; divide o que você tem em 10 partes iguais, retinha nove montantes para você e a décima parte devolvia à Elohim conforme Dt 14, mas HOJE, compare abaixo a mudança dos testamentos:
VELHO TESTAMENTO: Israel > lei > arca da aliança > templo > dízimo
NOVO TESTAMENTO: Gentios e ex-gentios > amor > Espírito Santo > nós > ajuda ao próximo.
Abraão, o dizimista
Geralmente Abraão é visto ou apresentado, nos nossos dias, por alguns pregadores desavisados, como um modelo de dizimista fiel.
Vamos examinar, então, esse ponto de vista. Abra a sua Bíblia e leia Gênesis 12, onde está o relato do começo da história dos hebreus ou judeus, como passaram a ser mais conhecidos. Aí está a chamada de Abrão (nome que mais tarde foi mudado para Abraão). Eis a ordem de Adonai: Sai da tua terra,... e vai para a terra que te mostrarei... Eis a obediência de Abraão: Partiram para a terra de Canaã e lá chegaram... Observe que ele foi chamado para sair da sua terra e ir para outra terra, que ele não conhecia. Tão logo chegou à terra de Canaã, Adonai lhe revelou que essa era a terra. Eis a promessa de Adonai: Darei à tua descendência esta terra. Logo depois, Abraão ficou sabendo que a posse dessa terra somente se concretizaria na sua descendência após quatro séculos: Sabe, com certeza, que a tua posteridade será peregrina em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos. Mas também eu julgarei a gente a que têm de sujeitar-se; e depois sairão com grandes riquezas. E tu irás para teus pais em paz; serás sepultado em ditosa velhice. Na quarta geração tornarão para aqui; porque não se encheu ainda a medida da iniqüidade dos amorreus. Naquele mesmo dia fez o Criador aliança com Abrão, dizendo: À tua descendência dei esta terra, desde o rio do Egito até o grande rio Eufrates (Gênesis 15).
E Abraão sabendo que a posse da terra não viria no seu tempo, e que viveria nela como estrangeiro, deu um jeito de comprar um pedacinho de terra para sepultar sua mulher e, depois, ele mesmo ser também sepultado nela (Gênesis 23).
Já na terra de Canaã, Abraão se separou do seu sobrinho Ló. Abraão era um homem muito rico, possuidor de grande rebanho, de sorte que a terra já não comportava os dois, visto que Ló também tinha seu numeroso rebanho (Gênesis 13). Após essa separação, Abraão teve de entrar numa guerra de quatro reis contra cinco para socorrer seu sobrinho, que tinha sido levado cativo. Ele lutou do lado dos cinco, e dela se saiu vencedor. Então Abraão deu ao misterioso rei e sacerdote Melquisedeque o dízimo de tudo (Gênesis 14). Não das dízimas da terra prometida, pois ele nunca teve a posse da terra! Foi um gesto voluntário e de acordo com os costumes antigos. Não havia preceito. Agora, veja à luz do próprio texto e de Hebreus 7, que nesse "tudo" não estavam incluídos as dízimas da terra, tanto do grão do campo, como do fruto das árvores (Levítico 27), nem os bens particulares de Abraão: seu gado, seu ouro e prata, mas somente os despojos, ou seja, os bens que eles tinham tomado dos inimigos derrotados. Aliás, bens que Abraão até desprezou, visto que nada quis daquilo para si, posto que, além de ser um homem muito rico, recebera recentemente muitos presentes do Faraó do Egito. Observe que ele foi para essa guerra com 318 homens guerreiros, dos mais capazes, nascidos em sua casa, isto é, filhos dos seus servos e servas, o que denota o quanto ele era rico (Gênesis 12, 13, 14). Portanto não houve nesse gesto de dar o dízimo a Melquisedeque o hoje tão propalado sacrifício, que libera as bênçãos provenientes da entrega do dízimo, e que alguns pregadores procuram inculcar nos dizimistas!
O dízimo é anterior à lei
Esse é o forte argumento comumente usado pelos pregadores do dízimo, para rebater os cristãos não dizimistas, que afirmam que o dízimo é da lei. Realmente, parece um argumento e tanto, bastante robusto, irretorquível. Mas acompanhe passo a passo o raciocínio a seguir.
Os preceitos que se seguem também são anteriores à lei, e foram incorporados a ela, mas nem por isso nos sentimos obrigados a observá-los, e nem somos ensinados a fazê-lo:
- A distinção entre animal limpo e animal imundo, e a conseqüente proibição de comer a carne deste último [Gênesis 7, Levítico 11];
- A circuncisão [Gênesis 17, 21; Josué 5];
- O sacrifício de animais [Gênesis 15; Êxodo 20, 24; Levítico 1 e seguintes];
- A consagração dos primogênitos dos homens e dos animais a Deus [Êxodo 13, Números 3];
- O levirato [Gênesis 38, Deuteronômio 25];
- A celebração anual da páscoa [Êxodo 12, 23; Josué 5];
- A guarda do sétimo dia (sábado) [Gênesis 2; Êxodo 16, 20, 23].
Você certamente concorda comigo nisso, mas poderá levantar uma forte objeção: É verdade, o raciocínio acima parece lógico, mas o dízimo aparece também no Novo Testamento, logo deve ser observado, pois ficou inserido no contexto do evangelho.
Nada disso, a problemática toda esta na falsa divisão do Velho Testamento para o Novo Testamento, naquela famosa página branca entre Malaquias e Mateus.
Leia todo capítulo 9 de Hebreus (vamos tratar sobre isso mais adiante). O NT começou na cruz, quando o Salvador exclamou: "Tetelestai", está consumado, está pago a dívida. Rasgou o véu e o N.T. iniciou.
Portanto o Messias veio para cumprir a lei e abolir a mesma, resumindo os mandamentos em: Amor!
Em Mateus 23:23 ainda é V.T. Em todo momento o Messias apontava para a nova aliança que viria.
Não há casa para arca da aliança, porque não existe mais arca da aliança, logo não existem dízimos.
- Os judeus sabem disso, e são contra o dízimo cristão
- Os Metodistas, bem como outros círculos protestantes assumem que o Dízimo é regra da denominação Metodista e não do Novo Testamento à Igreja.
- O catecismo católico e o Vaticano II deixa claro que não há provas bíblias neo-testamentárias para o dízimo, e que isso é voluntário, e para manutenção da estrutura católica
Que vergonha então para o mundo gospel, pentecostal e neo-pentecostal que insistem na cobrança equivocada do dízimo.
Veja algumas mudanças:
- A distinção entre animal limpo e animal impuro aparece também no Novo Testamento. O apóstolo Pedro tinha dificuldade com isso, mas este problema foi resolvido, pelo menos em relação aos gentios [Atos 10, 11, 15];
- A circuncisão também está no Novo Testamento, e está relacionada à pessoa mais importante. E foi justamente no dia da sua circuncisão, quando completou oito dias de vida, que ele recebeu o seu nome: Yeshua, Yahushua, J'sus [Lucas 2]. Aliás, a prática da circuncisão até aparece lá bem na frente. O próprio apóstolo Paulo circuncidou Timóteo, filho de uma judia crente e pai grego [Atos 16]; Entretanto, a circuncisão é agora espiritual - vide todo livro aos Hebreus e carta aos Gálatas.
- De igual modo, o sacrifício de animais. Na consagração do primogênito Jesus, foram sacrificados um par de rolas e dois pombinhos [Lucas 2]; Ainda não é Novo Testamento.
- E como estava escrito na lei, ele foi também consagrado ao Eterno na condição de primogênito [Lucas 2]; Ainda era Velho Testamento.
- O levirato, por sua vez, ainda era praticado nos dias do Salvador. Os saduceus nos dão notícia disso nos três Evangelhos [Mateus 22, Marcos 12, Lucas 20]; Ainda era Velho Testamento.
- A celebração anual da Páscoa, também. E o próprio Salvador a celebrou [João 2, 13, 18; Mateus 26]; Ainda era Velho Testamento.
- E até o polêmico sábado era observado [Lucas 4, 23; Mateus 24]. Ainda era Velho Testamento.
E o que dizer do voto?
A promessa votiva, isto é, a promessa com que uma pessoa se obriga para com o Criador, e a obrigação do dízimo para os israelitas, nasceu do voto de Jacó (portanto antes da outorga da lei). Em diversas ocasiões, o Altíssimo deu longas e detalhadas instruções a Moisés sobre o voto, particularmente o de nazireu [Levítico 27; Números 6, 30; Deuteronômio 23]. Os nazireus mais conhecidos da Bíblia são: Sansão [Juízes 13], Samuel [I Samuel 1], João Batista [Lucas 1, 7]. No Novo Testamento, temos notícia de que o apóstolo Paulo raspou a cabeça, em Cencréia, por ocasião da sua segunda viagem missionária, por ter tomado ou feito voto [Atos18]. E foi exatamente pelo seu envolvimento no cumprimento de votos alheios, feitos por quatro homens, quando seguia sugestões dos apóstolos, que acabou sendo preso e processado em Jerusalém, o que pôs fim à sua carreira missionária e resultou na sua ida a Roma, para julgamento perante o tribunal do imperador César [Atos 21 a 29]. Paulo fez isso porque ele fazia de tudo para ganhar a todos. Ele se passava de legalista para ganhar os que estavam na lei, e se fazia de sem lei, para ganhar os que viviam na anarquia espiritual. A nossa lei agora é amor (Rm 13:8 em diante).
Dízimo x sábado
Ultimamente se tem dado muita ênfase à prática do dízimo. Até a Igreja Romana, que o adotou em tempos passados e dele desistira, voltou a pregá-lo. Não com a violência com que alguns pregadores evangélicos o fazem: ameaçando, excluindo da "igreja" ou não permitindo que o não dizimista dela participe; mas com argumentos piedosos, suaves, persuasivos, longe da síndrome de Malaquias e bem distante da síndrome da maluquice.
Em poucas palavras, quais as conseqüências imediatas, se não se desse o dízimo, conforme nos informa Malaquias 3? Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, vós, a nação toda.
Bom antes de qualquer coisa, paramos tudo agora, e por favor leia este documento a seguir com atenção. Ele traz o entendimento de versículo a versículo sobre o contexto de Malaquias 3. Para vê-lo, baixá-lo e imprimi-lo, CLIQUE AQUI.
Agora que você já leu o documento acima, vamos prosseguir com a comparação:
O que aconteceu com o primeiro israelita que infringiu o preceito da guarda do sábado (cuja ordenança é anterior à do dízimo, e foi repetida diversas vezes), quando foi pego apanhando lenha para cozinhar o seu guisado [Êxodo 16, 20; Levítico 27]? Tal homem será morto; toda a congregação o apedrejará fora do arraial. Levou-o, pois, toda a congregação para fora do arraial, e o apedrejaram; e ele morreu, como o Criador ordenara a Moisés [Números 15].
Ou seja, a inobservância do preceito do sábado teve conseqüências mais graves do que a inobservância da prática do dízimo. Que tal, aqueles que estão na lei, começarem a matar os adúlteros, os homossexuais, os fornicadores, os não dizimistas e os que não guardam o sábado?
Eu acho que nunca leram a carta aos Gálatas, o livro aos Hebreus, ou a carta aos Romanos.
Que o Evangelho aqui ensinado possa rasgar o véu na sua vida!
O voto de Jacó
A segunda vez que o dízimo é mencionado é pelos lábios de Jacó, no episódio da visão da escada, quando fugia de seu irmão Esaú, indo para Padã-Arã. Leia devagarzinho o texto. Uma, duas ou mais vezes. Pese cada palavra que foi dita por Deus a Jacó. E cada palavra que Jacó disse a Deus. Deixe o texto falar ao seu entendimento: A terra em que agora estás deitado, eu ta darei, a ti, e à tua descendência. Deus falou. Agora, é Jacó falando: Se Deus for comigo, e me guardar nesta jornada que empreendo, e me der pão para comer e roupa que me vista, de maneira que eu volte em paz para a casa de meu pai, então o Senhor será o meu Deus; de tudo quanto me concederes, certamente eu te darei o dízimo [Gênesis 28]. E Deus foi com ele e o guardou e lhe deu mais que o pão para comer e roupa para vestir. Deu-lhe riqueza, como veremos adiante. Então, quando os seus descendentes recebessem a terra, ficariam obrigados e entregar o dízimo do que Deus lhes concedera. Se iam herdar a bênção prometida a seu pai, deveriam herdar também a obrigação contraída por ele naquele pacto; pois foi justamente a terra que Deus prometera dar a Jacó, que foi dada aos seus descendentes.
Foi por causa desse voto espontâneo de Jacó, feito diante da promessa de Deus, que os seus descendentes ficaram obrigados a entregar a Yahu (Criador) todas as dízimas da terra (de Canaã), tanto do grão do campo, como do fruto das árvores, do gado e do rebanho, quando entrassem na posse dessa terra prometida [Levítico 27].
Se você assinalou todos os textos que falam na terra que seria dada a esse povo, já deve ter percebido que todo trato de D'us com Abraão, Isaque, Jacó e seus descendentes gira em torno dessa promessa. Ou seja, sempre envolvendo a posse da terra de Canaã. Continue lendo e assinalando.
Agora, preste atenção: se você procurar em toda a Escritura uma menção apenas do dízimo em dinheiro, nada encontrá. Nem tampouco a obrigação de um aguadeiro, carpinteiro, comerciante, copeiro, empregado, empresário, ferreiro, médico, padeiro, pedreiro, soldado, tecelão ou de qualquer outro profissional daqueles tempos de pagar/dar/entregar o dízimo do seu salário ou do seu rendimento. O dízimo somente incidia sobre os frutos ou produtos da terra da promessa, que os israelitas herdaram, ou seja, a terra de Canaã. E não pense que naqueles tempos idos não houvesse pagamentos em dinheiro de salários e indenizações. Havia sim. Veja estas menções em Êxodo 21 e Levítico 19.
Apenas em duas ocasiões, o dízimo podia ser transformado em dinheiro:
1) Quando o dizimista quisesse resgatar alguma coisa. Ou seja, em vez de entregar a coisa dizimada, propriamente dita, ele a substituía por dinheiro. Nesse caso, havia uma pena: ele tinha de acrescentar 20% ao preço dela, isto é, um quinto do seu valor [Levítico 27]! Imagine o fato: O judeu - descendente de Jacó - recebeu a posse da terra prometida, plantou, colheu, separou o dízimo, mas quer ficar com uma dessas coisas do dízimo. Tudo bem, pode. O sacerdote avalia esse bem, o dizimista acrescenta 20% sobre o valor dele e entrega o dinheiro. É como se ele estivesse comprando a mesma coisa que ele tinha consagrado como dízimo, com um ágio de 20%, ou um quinto. Compreendeu? Não se tratava de dízimo do dinheiro recebido a título de salário ou lucro.
2) Quando ele estivesse longe do lugar que Jeová iria determinar para o culto e para a entrega dos dízimos e das ofertas, e fosse custoso transportar para lá o dízimo consistente em cereal, vinho, azeite, gado. Então o dizimista podia vender tudo (inclusive os primogênitos dos animais, que pertenciam a Jeová), e converter tudo isso em dinheiro, comparecer ao templo e lá comprar o que quisesse para substituir o que ele havia vendido [Deuteronômio 14]. Nesse caso, ele não tinha de acrescentar os 20%. Deu para notar que ele não entregava dízimo em dinheiro a ninguém?
Ainda sobre a história de Jacó, um pregador legalista disse que, na volta de Padã-Arã, Jacó pagou o dízimo a Esaú! Brincadeira! Esse pregador conseguiu tirar essa mirabolante idéia do fato de Jacó, ameaçado de morte e tremendo de medo, ter dado um baita presente a Esaú, para aplacar o ódio desse seu irmão, a quem ele enganara usurpando-lhe a bênção da primogenitura [Gênesis 27, 32].
Leia com atenção o recado que Jacó mandou a Esaú:
"Assim falareis a meu senhor Esaú: Teu servo Jacó manda dizer isto: ... Tenho bois, jumentos, rebanhos, servos e servas; mando comunicá-lo a meu senhor, para lograr mercê à sua presença. ...Então Jacó teve medo e se perturbou; ...E orou Jacó: Deus de meu pai Abraão, e Deus de meu pai Isaque... Livra-me das mãos de meu irmão Esaú, porque o temo... E, tendo passado ali aquela noite, separou do que tinha um presente para seu irmão Esaú: duzentas cabras e vinte bodes; duzentas ovelhas e vinte carneiros; trinta camelas de leite com suas crias; quarenta vacas e dez touros; vinte jumentas e dez jumentinhos."
Calculou o tamanho do presentão que Esaú recebeu? Eu somei e encontrei 580 cabeças de animais.
Partilha dos dízimos
Considerando que o dizimista tinha de comer o dízimo ou do dízimo; e levando em conta que tinha a obrigação de distribuí-lo com o levita, o estrangeiro, o órfão e a viúva. Então vamos fazer um cálculo sobre isso:
O dizimista ficaria com 1/5 do dízimo, ............ 2% do bem dizimado
O levita, com 1/5 do dízimo, ou seja, .............. 2% do bem dizimado
O estrangeiro, com 1/5 do dízimo, ou seja, ...... 2% do bem dizimado
O órfão, com 1/5 do dízimo, ou seja, ................ 2% do bem dizimado
A viúva, com 1/5 do dízimo, ou seja ................. 2% do bem dizimado
E de acordo com o texto, foi o próprio Adonai quem mandou fazer isto: ... de cada quinhentas cabeças uma, ... e o dareis ao sacerdote Eleazar, para a oferta do Criador: ... tomarás de cada cinqüenta um, ... e o darás aos levitas...
Sabe quanto é, em percentual, um de quinhentos, que foi dado ao sacerdote? É 0,2%! Sabe quanto é, em percentual, um de cinqüenta, que foi dado aos levitas? É 2,0%!
O dízimo no Novo Testamento
Na rubrica DÍZIMO, a minha chave Bíblica indica umas poucas referências no Novo Testamento. Seis vezes a palavra aparece em Hebreus 7, mas aí não se está tratando diretamente do dízimo, ou seja, não são dadas instruções específicas de como dizimar, ou o que deve ser dizimado, ou quando dizimar, nem onde entregar o dízimo etc. Isso é feito detalhadamente no Velho Testamento, como já vimos. Em Hebreus 7, a discussão gira em torno da superioridade do sacerdócio do Messias em relação ao sacerdócio levítico, sendo a entrega do dízimo tomada apenas como exemplo. Tanto que os dizimistas não são propriamente mencionados; menciona-se a tribo de Levi, que entregava aos sacerdotes os dízimos dos dízimos recebidos. Vamos, pois, aos evangelhos: Mateus 23 e Lucas 11 e 18. Mateus 23 e Lucas 11 tratam do mesmo assunto. Os pregadores do dízimo gostam muito desses dois textos, porque neles o Salvador diz: deveis fazer estas coisas (praticar a justiça, a misericórdia e a fé), sem omitir aquelas (dar o dízimo da hortelã, do endro e do cominho). Tá vendo? - diz o doutrinador - Jesus está mandando você dar o dízimo! Em Lucas 18, o Senhor Jesus conta a parábola do fariseu e do publicano. A palavra dízimo aparece apenas na oração do fariseu presunçoso, ou, se preferir, do dizimista presunçoso, onde ele diz que jejuava duas vezes por semana e dava o dízimo de tudo quanto ganhava, e, por isso, se achava melhor do que todos, especialmente, melhor do que o publicano. Se alguém acredita que esse exemplo do fariseu deve ser seguido, não esqueça de incluir no cardápio a primeira parte dele: jejuar duas vezes por semana!
Hei! Mateus 23, Lucas 11 e Lucas 18 é Velho Testamento ainda. Ainda havia templo, sacrifícios, circuncisão, sacerdócio, e etc.
Notamos que nas poucas vezes que o Salvador se referiu ao dízimo, ele o colocou em posição secundária e sem maior interesse. Por que? Porque Ele estava cumprindo seu ministério transitório de rasgar o véu e trazer o Espírito da Graça, de graça, sem dinheiro. Ele disse: "Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro; ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas [Lucas 16]". Dentro dessa sua concepção, orientou um homem rico, dizendo-lhe que se desejasse ser perfeito deveria se libertar da escravidão das riquezas: "Vai, vende os teus bens, dá aos pobres, e terás um tesouro no céu; depois vem, e segue-me" [Mateus 19]. Hoje, esse conselho é dado de uma forma diferente pelos pregadores: Vai, vende o que tens e me dá o dinheiro! Lamentável.
Em cima de uma minguta frase de três palavrinhas: sem omitir aquelas (dar o dízimo da hortelã, do endro e do cominho), os cobradores do dízimo criaram uma doutrina absurda: Se você não pagar o dízimo, não pode ser membro da "igreja"!
Precisamos aprender de uma vez por todas, que o que apraz a Deus são os atos de justiça e não necessariamente a prática de cerimônias e sacrifícios. Foi isso que Ele revelou ao Seu povo, por intermédio do profeta Oséias: Pois misericórdia quero, e não sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos [Oséias 6]. E que o próprio Salvador endossou em pelo menos duas ocasiões: "Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não holocaustos; pois não vim chamar justos, e, sim, pecadores" [Mateus 9]. "Mas se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifícios, não teríeis condenado a inocentes" [Mateus 12].
Isso é o que deve falar mais alto em nossas vidas, em nosso testemunho.
Conclusão
- Abraão nunca foi modelo de dizimista;
- O dízimo estava ligado à posse da terra de Canaã;
- O dízimo era uma obrigação imposta aos judeus;
- O dízimo não foi instituído para o sustento dos levitas;
- O dízimo era dos frutos da terra de Canaã e nunca em dinheiro;
- O dízimo não era exigido dos rendimentos dos profissionais;
- O dízimo tinha de ser comido e administrado pelo dizimista;
- O dízimo tinha de ser levado ao lugar indicado por Deus;
- O dízimo nunca fez parte dos ensinos do Messias ou dos emissários;
- O dízimo não tem nada a ver com a nossa salvação;
- O dízimo não abre as janelas do céu;
- O dízimo pregado e praticado nas "igrejas" não é o dízimo bíblico - portanto, esqueçamos Malaquias 3;
Ninguém hoje - nem mesmo o judeu, ainda que morando na terra de Canaã, agora chamada Palestina - conseguiria entregar biblicamente o dízimo, porquanto o lugar escolhido por Deus para a entrega do dízimo não existe mais!